Mas como tudo se espera de Collor, uma parte do grupo de credores tem apontado algumas irregularidades no processo de recuperação judicial, que corre na 10ª Vara Cível de Maceió.
O motivo? O plano de pagamento que foi apresentado possui uma série de vantagens à OAM. Mais uma vez, Collor tenta passar a perna para tirar vantagem mesmo devendo tudo e mais um pouco.
Além disso, dez credores questionam a razão pela qual alguns trabalhadores receberam parte dos valores antecipadamente e mesmo assim terão direito a voto na assembleia que pode resultar na falência no grupo de comunicação —que inclui a afiliada TV Globo no estado. O senador Fernando Collor (Pros) é o sócio majoritário da OAM. As denúncias serão apuradas pelo MPT (Ministério Público do Trabalho), que recebeu o relato dos credores na quinta-feira (7) e determinou a instauração de notícia de fato para investigar as supostas irregularidades durante a recuperação judicial.
A OAM se diz amparada pela lei e Collor se manteve em silêncio.
Acontece que parte dos credores aceitou um valor deságio, que é a diferença entre o valor real e o nominal de um ativo. Faltando apenas uma pequena parcela a ser paga.
Para um dos credores, que conversou com o UOL, faltou união e orientação jurídica para que esses trabalhadores não aceitassem a proposta com tamanho deságio. “Muitos não sabiam o que fazer e acabaram aceitando algo extremamente desvantajoso não só para eles, mas para todos”, diz. Nesses mais de dois anos de processo, o MPAL (Ministério Público de Alagoas) não atuou. O promotor natural do caso declarou suspeição, e um segundo indicado declarou-se impedido. Até agora, nenhum parecer foi emitido.
Fernando Collor agora espera, mais uma vez, o momento de passar a perna naqueles que, durante anos, dedicaram seu tempo de trabalho ao grupo OAM.
Enquanto isso, o político ostenta luxo e poder.
Tipo de débitos e classe que vão à assembleia:
Trabalhistas (ex-funcionários): 291 credores R$ 36.150.866,36 devidos
Quirografários (formado por aqueles que têm de provar o direito a crédito):
189 credores
R$ 26.740.998,36 devidos
Microempresas e empresas de pequeno porte: 79 credores
R$ 1.630.428,06 devidos
Vale ressaltar que uma empresa em recuperação pode até negociar valores antecipados extrajudicialmente, mas o pagamento só poderia ser efetuado com a aprovação de todos e nos termos do plano —que vai decidir uma regra de pagamento uniforme para todos, o que não aconteceu.