O Hospital de Emergência do Agreste (HEA), em Arapiraca, promoveu, nesta sexta-feira (30), uma roda de conversa que marcou o encerramento das ações do Maio Laranja. Com o tema “Da ética do acolhimento às consequências psicossociais na violência sexual infantil”, o encontro reuniu profissionais de diferentes áreas em uma iniciativa conduzida pela Área Lilás do HEA.
A atividade teve como facilitadora a psicóloga e assessora técnica da Supervisão de Atenção Psicossocial da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Wilzacler Rosa. Ela trouxe reflexões sobre o enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes como um desafio que mobiliza toda a rede de saúde pública.
“Realizamos um momento de sensibilização e capacitação, conversando sobre a campanha do Maio Laranja e abordando as relações entre a violência sexual e o comportamento suicida. Discutimos possibilidades de identificação, manejo e intervenção tanto no momento da hospitalização quanto após a alta. É fundamental construir protocolos e fluxos para garantir cuidado contínuo e qualificado”, explicou Wilzacler.
A psicóloga reforçou que, embora o Maio Laranja tenha um marco específico no calendário, o trabalho deve ser permanente. “Essa é uma temática que trabalhamos o ano inteiro. Mas quando temos um momento como esse, com troca de saberes, embasamento técnico e discussões éticas — conseguimos potencializar a atuação dos profissionais”, disse.
A Área Lilás do HEA é referência no acolhimento de vítimas de violências na II Macrorregião de Saúde, composta por 46 municípios das regiões Agreste, Sertão e Baixo São Francisco. O serviço vem se consolidando como espaço de escuta, cuidado e compromisso com a humanização do atendimento. De acordo com a psicóloga e coordenadora da Área Lilás, Yanna Albuquerque, o encontro fortalece o elo entre os profissionais e a realidade enfrentada diariamente.
“Nosso Maio Laranja acontece todos os dias. Essa roda de conversa veio para sensibilizar ainda mais os profissionais e ampliar a compreensão sobre o que chega até nós. Ao trazer conhecimento técnico e experiências da nossa rotina, conseguimos melhorar a forma de acolher e assistir as vítimas com respeito, ética e sem revitimização”, afirmou Yanna.
A atividade também provocou reflexões emocionais entre os participantes. Para a assistente social do hospital, Lucivânia Machado, o momento foi de troca de experiências, fortalecimento e consciência. “Falar sobre criança abusada é sempre algo muito forte. São muitas narrativas que nos atravessam, que nos geram gatilhos. Mas encontros como esse nos ajudam a buscar equilíbrio emocional e reforçam nosso compromisso com os direitos dos usuários. Só tenho a parabenizar toda a equipe envolvida”, declarou.
Para a diretora-geral do HEA, Bárbara Albuquerque, a iniciativa aponta o compromisso da instituição com a formação continuada e com uma assistência cada vez mais humanizada. Temas como este exigem mais do que técnica: exigem sensibilidade, escuta qualificada e preparo emocional. Promover essa roda de conversa, com a presença de profissionais que inspiram e orientam é parte do nosso compromisso em cuidar não só de quem chega até nós, mas também de quem acolhe”, destacou Bárbara.
Maio Laranja
A campanha nacional de enfrentamento ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes é realizada anualmente em todo o Brasil, com foco no dia 18 de maio, data instituída como o Dia Nacional de Combate à Violência Sexual Infantojuvenil. A mobilização visa sensibilizar a sociedade, fortalecer políticas públicas e garantir proteção integral às crianças e adolescentes.