A sala 3 do centro cirúrgico eletivo do Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, esteve ainda mais iluminada nesta terça-feira (3). É que a família de um homem de 70 anos, diagnosticado com morte encefálica, decidiu pela doação de seus dois rins, o que irá ajudar a salvar duas vidas que estão na expectativa pelo transplante. O procedimento foi realizado sob a supervisão da Central de Transplantes de Alagoas e Organização de Procura de Órgãos (OPO).
O doador sofreu um traumatismo cranioencefálico após um acidente grave. A coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, Daniela Ramos, pontuou que o diagnóstico de morte cerebral é dado após o cumprimento de um processo rigoroso e baseado em critérios clínicos, com a realização de exames complementares. A avaliação é realizada por médicos diferentes e o protocolo envolve a confirmação da ausência de função cerebral e do tronco encefálico.
“A equipe realiza exames clínicos para detectar a ausência de reflexos e de respiração espontânea e exames complementares, como o eletroencefalograma que confirma a ausência de atividade elétrica no cérebro. Na menor possibilidade de dúvida, os exames são repetidos até a concretização de um resultado preciso. Por isso, o diagnóstico de morte encefálica é irreversível e significa que o paciente não poderá mais recuperar as funções cerebrais”, explicou a coordenadora da Central de Transplantes.
Os órgãos captados foram armazenados adequadamente para o transporte seguro rumo aos receptores, atendendo às normas do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), do Ministério da Saúde. Em Alagoas, até esta terça-feira (3), 575 pessoas estão na lista de espera por transplantes: 555 aguardam por uma córnea, 12 por um rim, sete por um fígado e mais um precisa de um coração. Desse modo, declarar-se um doador de órgãos pode significar o último ato solidário em vida.
“Para ser um doador, basta conversar com sua família sobre o seu desejo. No Brasil, a doação de órgãos só será feita após a autorização familiar. Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela nossa Central de Transplantes, que é ligada a Secretaria de Estado da Saúde, e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes. É um processo seguro, discreto e que merece a confiança de todos”, complementou Daniela Ramos.