O bordão “In Fux We Trust”, antes usado de forma irônica ou de apoio ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, voltou a explodir nas redes sociais em meio ao julgamento dos atos golpistas da extrema-direita bolsonarista.
Agora, porém, a expressão vem carregada de críticas: especialistas apontam que Fux estaria atuando mais como político do que como magistrado, reeditando um fenômeno já conhecido no Brasil — quando a Justiça se transforma em palco de disputas de poder.
O fantasma da Lava Jato
As críticas lembram o escândalo da “Vaza Jato”, que revelou articulações irregulares entre o então juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol. À época, mensagens expuseram como a Operação Lava Jato ultrapassou os limites da imparcialidade judicial e foi usada como trampolim político.
Agora, analistas enxergam em Fux uma postura semelhante: discursos inflamados, frases de efeito e decisões que ressoam mais no cenário político do que nos autos do processo.
“Assim como Moro e Dallagnol, Fux parece querer se colocar como protagonista político. Isso mina a confiança no STF”, critica um jurista ouvido pela reportagem.
Entre a toga e o palanque
Nos bastidores do Congresso, parlamentares avaliam que Fux tem assumido um papel que extrapola a função técnica do Supremo. Deputados acusam o ministro de “transformar julgamentos em espetáculo midiático”, enquanto aliados de Lula estão perplexos com a recente manifestação do ministro FUX no caso dos atos golpistas.
“Não se combate autoritarismo com judicialização política. O STF precisa ser árbitro, não jogador”, dispara a cientista política Maria de Lourdes.
Bolsonarismo no banco dos réus
O julgamento dos atos golpistas é considerado decisivo para o futuro da democracia brasileira. Mas a condução do processo reacendeu o debate: o Supremo está sendo firme ou está assumindo um papel que não lhe cabe?
Se por um lado a sociedade exige resposta rápida e dura contra os envolvidos no ataque às instituições, por outro cresce o temor de que ministros do STF estejam usando o combate ao golpismo como vitrine política.
O risco da história se repetir
A Lava Jato ruiu quando veio à tona que a imparcialidade havia sido comprometida. Moro e Dallagnol saíram desgastados, e a operação, antes vista como símbolo de combate à corrupção, terminou com a imagem arranhada.
Críticos alertam que Fux pode enfrentar destino semelhante: de guardião da democracia a personagem acusado de transformar a Justiça em palco político.
“In Fux We Trust”, antes meme, agora soa como alerta de que a toga não pode ser confundida com palanque.