Em uma votação histórica e cercada de polêmicas, a Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (16/9) a chamada PEC da Blindagem (PEC 3/2021), que altera profundamente o regime de prerrogativas parlamentares no Brasil. O texto-base foi aprovado em dois turnos: 353 votos a favor, 134 contra e 1 abstenção no primeiro turno; 344 votos a favor e 133 contra no segundo. Agora, a proposta segue para o Senado.
O que muda
O texto aprovado prevê que:
Com isso, qualquer tentativa de investigar ou processar parlamentares ou líderes partidários dependerá diretamente da boa vontade dos próprios pares — criando o que críticos chamam de “autoproteção institucionalizada”.
Repercussão imediata
A aprovação da PEC acendeu um estopim político e jurídico:
Um dos principais críticos, o líder da oposição, disparou:
“Hoje a Câmara assinou uma carta branca para a impunidade. Quem ganha é o político acusado de crime, quem perde é o povo brasileiro.”
O que vem pela frente
A PEC agora será analisada no Senado Federal, onde precisará do apoio de 49 dos 81 senadores para ser aprovada. Caso avance, abrirá um novo ciclo de tensão entre Legislativo e Judiciário. Partidos já sinalizaram que, se confirmada, irão acionar o STF para barrar a medida.
Especialistas apontam que o texto pode ser considerado inconstitucional, pois fere o princípio da igualdade perante a lei e restringe o papel do Judiciário como fiscal da legalidade.
Análise
A chamada PEC da Blindagem representa uma virada de chave no equilíbrio entre os Poderes. Sob o argumento de proteger o mandato popular contra “perseguições políticas”, a Câmara institucionalizou mecanismos que podem servir como escudo para a corrupção.
Se o Senado aprovar, o Brasil terá dado um passo atrás na luta pela transparência e pela responsabilização dos agentes públicos. A democracia, que depende da confiança mútua entre povo e instituições, sai enfraquecida.
No fim, a pergunta que ecoa nas ruas e redes sociais é:
quem vigiará os vigilantes?