Uma denúncia grave vem chamando atenção nos bastidores da política alagoana: um vídeo que circula nas redes sociais mostra, supostamente, a troca de alimentos por votos durante a eleição interna do Partido dos Trabalhadores (PT) em Alagoas.
As imagens mostram pessoas em situação de vulnerabilidade social recebendo sacolas com alimentos em um local identificado como ponto de votação do Processo de Eleições Diretas (PED) do partido. Em troca, segundo denúncias de militantes que preferem não se identificar, essas pessoas eram orientadas a votar em determinados candidatos à presidência do diretório estadual e municipal.
A prática, se confirmada, fere frontalmente os princípios democráticos e estatutários do partido, além de configurar - em tese - possível crime eleitoral e abuso de poder econômico, ainda que em âmbito interno-partidário.
Militância dividida e clima de revolta
Setores internos do PT reagiram com indignação. Históricos filiados acusam setores da atual direção de usar a máquina partidária para perpetuação no poder, enquanto outros tentam minimizar o episódio, afirmando que a entrega de alimentos seria parte de uma ação social “independente” e “sem relação com o voto”.
O clima no partido é de tensão, com ameaças de judicialização e pedidos de intervenção da executiva nacional.
O que dizem os envolvidos?
A reportagem tentou contato com os organizadores da eleição e com os nomes ligados ao vídeo, mas até o momento não houve resposta oficial. A direção nacional do PT também ainda não se manifestou.
O vídeo, porém, já circula entre lideranças políticas estaduais e nacionais, e pode respingar diretamente em nomes de peso do partido no estado, inclusive com reflexos em futuras candidaturas.
Investigação à vista?
Juristas ouvidos pela reportagem apontam que, se comprovada a suposta compra de votos com alimentos, o caso pode ser enquadrado como captação ilícita de sufrágio (art. 41-A da Lei das Eleições), ainda que se trate de eleição interna, além de configurar violação aos princípios éticos partidários, defendem correntes jurídicas da área eleitoral.
A base do Ministério Público Eleitoral em Alagoas deve ser provocada nas próximas horas para analisar o caso.