O Partido dos Trabalhadores (PT), que nasceu no seio das lutas populares e operárias, já não é mais o mesmo em Alagoas. A legenda, que deveria ser sinônimo de resistência, justiça social e defesa dos pobres, tornou-se, em muitos momentos, uma caricatura do que prometeu ser. As mazelas do PT alagoano são visíveis, incômodas e, o pior, muitas vezes ignoradas pelos próprios líderes partidários.
O maior erro do partido no estado talvez seja o distanciamento das bases populares. A sigla, que cresceu nas favelas, sindicatos e movimentos sociais, virou refém de interesses eleitorais e cargos comissionados. Perdeu a conexão com a realidade do povo pobre alagoano, que sofre com a violência, o desemprego e a precariedade dos serviços públicos.
Outra ferida exposta é a sucessão de alianças incoerentes com grupos políticos tradicionais, inclusive com representantes de oligarquias que sempre foram combatidas pelo discurso petista. Para se manter em espaços de poder, o partido abraçou a velha política, abandonou a coerência ideológica e deixou de ser uma alternativa real de mudança.
A falta de renovação interna também pesa. Os mesmos rostos, os mesmos discursos, a mesma lógica de poder. Jovens lideranças não têm espaço, movimentos sociais são tratados como figurantes, e o debate interno virou mero ritual burocrático. O PT envelheceu sem sabedoria, estagnou sem coragem de se reinventar.
A consequência é clara: perda de protagonismo político. O partido deixou de disputar as principais posições de comando no estado com competitividade. Não tem candidato forte ao governo, não lidera as pautas da esquerda alagoana, e parece conformado com migalhas de uma aliança aqui e um cargo acolá.
Para piorar, falta autocrítica. Mesmo diante de erros gritantes, derrotas eleitorais e alianças vergonhosas, a direção estadual prefere o silêncio cúmplice. Não há coragem para rever rumos, nem disposição para ouvir a sociedade. O partido parece mais preocupado em se proteger do que em se reinventar.
O PT de Alagoas precisa urgentemente de um choque de realidade. Ou volta a ser instrumento de luta popular, ou continuará sendo apenas mais um partido tradicional, engessado e irrelevante. Não basta viver da memória de tempos melhores. É preciso reconstruir a credibilidade, e isso só será possível com humildade, escuta e coragem para mudar de verdade.
Por: Antônio Fernando da Silva (Fernando CPI) - Registro jornalista: 0002099/AL - MTE Brasil
Rodrigo Vitor Gomes - Registro jornalista: 0002174/AL